Cenário perigoso

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Após ignorar seu ministro da Saúde, Bolsonaro justificou a abertura do comércio como forma de ouvir a população sobre problemas econômicos no Brasil. Na verdade, é ele quem convoca o povo para protestar a favor da ‘abertura’ e, então, diz ter vontade de baixar decreto para a população poder trabalhar. Após Mandetta reforçar isolamento, Bolsonaro visita comércios e cumprimenta populares em Brasília. Em reunião tensa na semana passada, o Ministro Mandetta pediu ao presidente para não menosprezar a gravidade da pandemia de coronavírus em suas manifestações públicas.

Bolsonaro esquece que o planeta tem 700 mil contaminados e 34 mil mortos. No Brasil, no momento que este artigo é redigido, o Brasil tem mais de 4.300 contaminados e 136 mortos. Os números vão explodir. Numa época em que se faz necessária união para combater tal pandemia, cenários de autoritarismo marcam histórico conflito entre Bolsonaro e governadores. Ao mesmo tempo, manifestantes fazem carreata contra o isolamento, a pedido de Bolsonaro. Portam a Bandeira Nacional e, através de autofalantes, tocam o Hino Nacional, como se só eles fossem brasileiros e nacionalistas, nas principais cidades do país.

É cinismo e ignorância discutir economia neste momento: ela está em estado de hibernação para evitar o colapso. É preciso salvar vidas e ajudar a recuperação dos mais atingidos, porque a recessão que já está em curso, derrubará as contas do governo e afetará o PIB. Diante da pobreza da população e da sua cessação de renda, é impossível não desenvolver uma rede de solidariedade social. Tais medidas deveriam ser encampadas pela presidência e apoiadas pelo Congresso. Todos devem tornar-se plenamente conscientes de que essa conta terá de ser paga por todos: será necessário, nos próximos anos, aumentar o esforço para levantar a economia. As medidas até aqui anunciadas para minimizar as consequências econômicas da crise são claramente insuficientes. É preciso muito mais.

A sociedade está perplexa diante do vácuo deixado pelo governo Bolsonaro. Ele deveria assumir seu papel, explicando que agirá para suavizar dessa epidemia com gastos extraordinários. O erro não está em agir, mas o erro está em deixar o tempo passar. Assustadoramente, a Itália, neste momento, mais de 11 mil mortes; a Espanha, mais de 7 mil; e China, mais de 9.000. Os EUA têm mais de 100 mil contaminados e mais de 2.000 mortes. Para evitar a propagação da Covid-19, é fundamental o isolamento social para salvar vidas e ouvir as autoridades sanitárias mundiais!

São incabíveis as posturas do presidente em incentivar bolsomínios a saírem à rua para colaborar na propagação do vírus em nome do interesse de alguns empresários que só pensam em dinheiro. Esse grupo que defende Bolsonaro sem qualquer questionamento é formando por pessoas limitadas, apequenadas, egoístas, fracassados em todos os aspectos, com dificuldades de compreender a vida em sociedade. Temos que ser solidários nesta pandemia. Quando tudo isso passar o governo terá que responder à justiça pelos seus atos.