A economia mundial deve permanecer com crescimento do PIB em torno de 3% em 2020; e o Brasil, com acerca de 1% do PIB em 2019. É possível que o país atravesse uma estagnação econômica, demonstrando um processo difícil de transferência de rendas, com aumento da população abaixo da linha da miséria. A maior mazela é o aumento constante da pobreza e o aprofundamento da desigualdade brasileira, cuja pobreza tem muitas causas, mas todas derivam da exclusão social.
O governo neoliberal de Fernando Henrique Cardoso dobrou a dívida pública e praticou um populismo cambial minando contas externas e quase destruindo a indústria brasileira. Neste governo, mendigam-se empréstimos ao FMI para pagar juro da dívida externa. Sabe-se que a predominância do modelo neoliberal e das políticas ortodoxas de austeridade combinadas resultam a crise econômica mundial.
O Brasil utiliza modelo ultraliberal (capitalismo selvagem), retira direitos trabalhistas e previdenciários, desmonta capacidade de investimento público, e reduz parte do orçamento vinculado a gastos sociais. A renda de aposentadorias e pensões que hoje representa quase 20% das receitas das famílias despencará violentamente com os rendimentos do trabalho, resultando desmontes trabalhistas e previdenciários.
Há sinais de irritação e angústia estafada com emprego e salários ruins, crise que não passará neste governo. Os últimos quatro anos foram marcados por alto índice de desemprego, medo de desemprego, subemprego, indignidade salarial, volta à fome, diminuição de serviços de saúde pública e de educação, e desesperança à melhoria de vida e à ascensão social. O que afeta a todos tem de ser resolvido por todos. Grandes empreendimentos econômicos devem ser propriedades do povo, cujas decisões devem beneficiar a todos, sem objetivar somente a maximização do lucro.
Os produtos da cesta básica da alimentação da mesa do brasileiro sobem mais que a inflação. Carne bovina subiu 14,4%; ovo, 8,8%; feijão, 42,8%; arroz, 1%; e batata, 12,4%. A alta de preços muitos alimentos básicos acumulada nos últimos 12 meses supera a inflação geral do Brasil. Além disso, quanto custou extinguir o Programa Mais Médicos e a Farmácia Popular gerando impactos sobre diabetes, hipertensão e asma? Qual o custo da exclusão educacional dos filhos da pobreza e da ignorância?
Capitalismo financeirizado e desregularizado, aumento de desigualdades, quebra do Estado de bem-estar social e crise atingem em cheio democracias e legitimidade política: este é um modelo fracassado que beneficia somente um pequeno grupo da minoria abastada. Política social solidária com sustentabilidade econômica e social é o modelo apto a enfrentar pobreza e desigualdade. Não se pode retroceder nos direitos trabalhistas e sociais, atacar minorias e envergonhar o país com afirmações misóginas, racistas, homofóbicas e machistas. É necessário um debate qualificado que discuta propostas para fortalecer a democracia!
Edmundo Pozes da Silva Pós-Doutor em Administração-Professor Associado- Presidente do Núcleo Docente Estruturante- Coordenador de Curso Pós-Graduação-Eixo de Gestão e Negócios
Instituto Federal de Santa Catarina – IFSC