Apologia ao ódio

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A perspectiva de vitória do #EleNão faz o Brasil seguir uma onda mundial, cercado de líderes contraliberais e ultraconservadores, fruto de proposição da destruição das normas liberais e da ascensão do populismo, representados por Trump (EUA), Le Pen (França), Berlusconi (Itália), entre outros na Áustria, Alemanha, Hungria, Polônia e na Turquia. Lá, a explicação pelo avanço da direita é a invasão dos produtos chineses que esvaziaram a indústria e o emprego no ocidente, deixando ressentimento na classe média ao verificar que o Estado não pode dar-lhes aposentadoria, educação, saúde e seguro desemprego e também não evita a migração de refugiados pobres aumentando a sensação de inviabilidade da vida dos seus cidadãos locais. Entretanto, no último final de semana, houve uma manifestação representativa contra o avanço da direita na Alemanha.

A maioria dos brasileiros, estão decepcionados com a atual democracia devido à atuação de políticos corruptos que, há muitas décadas, vêm destruindo o sistema. Os sinais do declínio começaram vir à tona quando uma crise internacional (subprime nos EUA, 2008) expôs mecanismos pelos quais o sistema político atento contra a produtividade da própria economia golpeando contas públicas e, consequentemente, colaborando com o desemprego. O princípio-guia da democracia é a provisão de bens e serviços públicos à população em geral, não apenas às elites e aos interesses especiais, como vem acontecendo. Enquanto o mundo comemora o fato de a maioria da população mundial não viver em situação de pobreza, o Brasil vê crescer sua população em situação de miséria ocasionada pela crise econômica que propiciou uma profunda crise social. Em 2014, 3,2% das famílias brasileiras viviam abaixo da linha da pobreza extrema. Em 2017, o porcentual foi para 4,8%.

Todavia, optar pelo fascismo é o grande retrocesso em detrimento à democracia: é um regime autoritário criado na Itália, derivada da palavra fascio, que significava “aliança”. O fascismo foi um movimento político fundado por Benedito Mussolini, caracterizado por uma reação contra o movimento democrático que surgiu graças à Revolução Francesa, assim como pela forte oposição às concepções liberais e socialistas. A palavra ‘fascista’ é usada para mencionar uma doutrina política autoritária, anticomunista e antiparlamentar, que defende a exclusividade do Estado. Trata-se de um movimento antiliberal, que atua contra liberdades individuais, e quando se estabelece no poder, aceita a presença do capital nacional e internacional e se impõe de forma disciplinadora, impedindo que organizações operárias defendam a luta de classes. O Estado é mais um problema do que uma solução: quem gosta de controlar sempre tenta controlar tudo. Esse regime é bom para quem gosta de bater continência e não discutir ordens recebidas, a famosa obediência devida.

O ódio nunca foi bom para construir nada, mas é uma excelente máquina de destruição: é tão poderosa que, com a qual é possível, de forma populista, dirigir multidões contra o “inimigo”. O perigo ronda as ruas com tantas agressões, e são os boçais empoderados pelos 46 milhões de votos amealhados por um candidato que fundou sua candidatura no discurso de ódio às minorias. Surgem então, os Minotauros, homens furiosos que saem à rua para agredir pessoas que não coadunam com seus pensamentos. O Minotauro, fruto da mitologia grega, aparece no ‘Inferno de Dante’ entre aqueles que foram amaldiçoados por sua natureza violenta, os “homens de sangue”, O Minotauro se ergue, enfurecido! Aqui, no Brasil, eles, de corpo de

homem e cabeça de touro, saem às ruas para transferir aos outros suas frustrações por receberem salários baixos, de não terem prestígio social, de não serem respeitados pelos seus, pessoas de baixo nível intelectual, de pouca expressão, ao agredir os outros em nome do ‘outro’, sentem-se membros de uma comunidade vencedora de uma guerra que só existe em suas cabeças. Uma das características dos movimentos autoritários é acreditar piamente em suas próprias narrativas.

#EleNão faz apologia à tortura e então se tem vontade de se situar ao lado de quem se rebelou ou foi torturado. Ele foi reformado no Exército por desobediência e subversão, e também defende a ideia de privatizar todas as estatais, além de fugir de todos os debates, porque daí vai se expor e mostrar que nada sabe de como comandar um país complexo como o Brasil. Os jornais The Economist, Financial Times, The Guardian, El Paìs, The Washington Post, Le Monde, Clarín e La Nación classificam-no como candidato de extrema direita, um perigo à democracia. A cultura do ódio é capaz de destruir tudo, inclusive, o homem que odeia. #EleNão já deu muitas declarações que demonstra seu descompromisso à democracia e aos direitos humanos. Não defender a democracia é traição à Constituinte, ao povo brasileiro e, principalmente, às gerações futuras. Também vem provocando a cisão entre os brasileiros devido aos seus discursos coléricos, afirmando que as minorias têm que se curvar às maiorias. Se continuarmos nessa agressão, poderemos chegar a uma guerra civil.