“Aha! Uhu! O Fachin é nosso!”

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A revista Veja, edição 2642, publicou, em parceria com o site The Intercept Brasil, a reportagem intitulada “Justiça a todo custo”, p. 34, relatando conversas entre o então Juiz Moro e procuradores do MPF que atuavam na Operação Lava Jato. O título do artigo “Aha! Uhu! O Fachin é nosso!” surgiu em conversa em 13 de julho de 2015: Dallagnol, após encontro com Edson Fachin, Ministro do STF, comenta com seus colegas do MPF: “Caros, conversei 45min. com o Fachin. Aha! Uhu! O Fachin é nosso!”, fazendo alusão de que o Ministro do Supremo apoiava integralmente as atitudes de Moro e Dallagnol.

Existe outra conversa com Dallagnol, em 22 de abril de 2016: “Caros, conversei com o Fux, mais uma vez, hoje. Reservado, é claro: o Ministro Fux disse, quase espontaneamente, que Teori fez queda de braço com Moro e viu que se queimou. Em seguida, encaminhou o conteúdo da conversa ao próprio Moro, que respondeu: “Excelente. In Fux we trust.” [Em Fux nós confiamos]. Então, dois ministros do STF estão comprometidos com parcialidades ilegais.

Segundo a Veja, Moro deixou de lado a imparcialidade e atuou ao lado da acusação. As mensagens indicam troca de colaboração entre Moro e a força-tarefa da Lava Jato. Segundo a lei, o juiz não pode aconselhar nenhuma das partes do processo. Moro orientou Dallagnol a incluir prova contra o réu da Lava Jato em denúncia que já havia sido oferecida pelo MPF. Moro se posicionou contra investigações sobre o ex-presidente FHC. Também afirmou ser contra a delação de Eduardo Cunha à força-tarefa e Moro também repassou a Dallagnol, via Telegram, a indicação de uma testemunha que poderia colaborar com a apuração de caso ligado a Lula.

Se não houver capacidade do povo se indignar, dificilmente se mobilizará para enfrentar a injustiça. A democracia é o mecanismo institucional que busca conciliar a vontade da maioria com os direitos e a liberdade de cada um. Políticos populistas são especialistas em encarnar e explorar o sentimento de indignação da população. Os governantes medíocres não conhecem outro caminho que não seja o da demagogia para exercer o poder, atropelando instituições democráticas. O atual presidente vive repetindo que é o único e bom representante do povo, prometendo mudar tudo. Isso não ocorreu!

O Brasil tem desafios enormes com desigualdade, baixo crescimento, violência, desemprego e falta de produtividade. Entende-se que é natural que a luta contra corrupção seja feita de acordo com o que diz o regime constitucional em defesa do povo brasileiro contra exageros do Poder Judiciário. Se o povo quiser o Brasil limpo e justo, não pode pactuar com corrupção muito menos com arbitrariedades do Estado que teimam em não seguir leis. Somos subordinados da Constituição Brasileira de 1988 e não de qualquer mandante que será sempre temporário.

Não se pode enfrentar a Constituição brasileira e não faz sentido dividir pessoas entre competentes e incompetentes para deixar os últimos serem massacrados pelos mais fortes. Idolatrar pessoas é desconhecer suas próprias fraquezas. Todos nós temos que obedecer às leis, inclusive Moro, Dallagnol e Bolsonaro.