A recessão bate à porta

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Bolsonaro, estranhamente, anda quieto; não está como costumeiramente: agredir ministros do STF ou membros do Congresso, justamente após assinar a “Carta de Temer”. Temer, em 1999, socorreu Bolsonaro quando ele propôs fuzilar o então presidente FHC e mais uns 30 mil: foi salvo da cassação por Temer.
Falando de Michel Temer, Eduardo Cunha confessou à Polícia Federal que Temer liderava as articulações do impeachment três meses antes do processo. Segundo Cunha, Temer foi o líder da conspiração que levou à deposição de Dilma Rousseff e mergulhou o país na crise política e econômica que ora se atravessa.
A erosão econômica nos últimos meses é visível: desemprego persistente, inflação crescente (está bem acima dos países da América Latina), crise energética sem solução eminente, alta do juro, estimativa de crescimento medíocre do PIB (1,8% para 2022), distribuição de renda em forte decadência, depreciação do câmbio, gasolina na lua; tudo devido à inapetência do governo no trato na economia, resultando vertiginosa queda em popularidade.
Os mercados tornam-se instáveis quando o governo se mostra incapaz de tomar decisões acertadas e não deixa claro o futuro, propiciando que o país perca a chance de aproveitar a oportunidade de se beneficiar do ciclo crescente das commodities, onde se poderia ampliar investimentos em infraestrutura e produtividade. Para o momento, espera-se somente brainstorming, porque não há esperança em ações do governo.
O destino reserva, até meados de 2023, que a tensão política tende acrescer e desestabilizar o país até alguns meses após as eleições de outubro que, sem dúvida, contribuirá para elevar ainda mais preços de produtos e serviços e rebaixar o real frente ao dólar. Outro fator é o ajuste fiscal que parece que não vai sair; a crise hídrica pode levar ao racionamento e, consequentemente, à elevação nos custos em geral. O Banco Central terá que elevar os juros para combater a inflação, gerando outra crise cíclica.
A CPI da Covid-19 informou que o relatório final está em processo de conclusão e, o relator do colegiado, Renan Calheiros, adiantou que indiciará Bolsonaro pelos seguintes pontos: crimes de responsabilidade, crime de prevaricação, existência de gabinete paralelo, tese da imunidade de rebanho, bloqueio às vacinas e à falta de oxigênio em Manaus. Não se tem como apagar o desastre que promoveu à saúde e à mortandade provocada pelo Covid-19. A alta de preços de combustíveis, alimentos e outros produtos começou a cair na conta de Bolsonaro.
Entende-se que o Brasil necessita de reforma social capaz de propiciar autonomia a todos os cidadãos. Precisa-se de políticas públicas sociais responsáveis que atendam a quem necessita. É fundamental o respeito à Constituição quando indica construir uma sociedade livre, justa e solidária, assim como erradicar a pobreza e a marginalização, reduzindo as desigualdades sociais e regionais.