A nova escola

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Com 40 milhões de analfabetos funcionais, escassez de mão de obra qualificada, professores desprestigiados e estudantes mal-educados e mal classificados em testes internacionais, o Brasil jamais sairá da mediocridade sem planejamento e reforma na educação. Etimologicamente, a palavra `professor` vem do latim e significa “aquele que fala aberta e francamente diante de um público aquilo que pensa e defende como a própria condição de ser”. A construção da identidade do professor se faz por elementos estabelecidos em relação dialética das pessoas com a sociedade, em momentos harmônicos e equilibrados da história e da cultura. O ato de ensinar requer pessoas corajosas, integras e autênticas que assumam posições conscientes no contexto educacional da competição do século XXI.

Se o MEC de 2019 não focar em leitura, escrita e matemática, colaborar na compreensão das ciências e das ideias, e lutar pelo desmonte de um inexistente complô esquerdista cujo objetivo seria destruir a pátria, a família e Deus, fica em dúvida se o novo governo realmente acredita nesse complô ou se é só uma desculpa para impor uma cartilha do pensamento da extrema direita cristã das Igrejas Evangélicas. A proposta da Escola sem Partido é vendida como o impedimento de doutrinação comunista nas salas de aulas, entretanto, o novo governo imporá uma nova doutrina política, religiosa e cultural. Os pastores evangélicos não gostaram da escolha do Mozart Ramos, ex-reitor da Universidade Federal de Pernambuco e diretor do Instituto Ayrton Senna para assumir o ministério da Educação e, através da indicação do filosofo Olavo de Carvalho, substituíram-no pelo um colombiano, Ricardo Velez Rodrigues, que defende a Escola sem Partido e outros itens da pauta conservadora. Olavo de Carvalho diz que o problema da educação brasileira é a dominação que os comunistas exercem na educação brasileira, dominação tirânica, onipresente, que proíbe qualquer objeção. O futuro ministro da Educação tem 75 anos e é oriundo da desconhecida Faculdade Arthur Thomas de Londrina, onde leciona Relações Internacionais. O curso que leciona tem notas medianas em avaliações nacionais.

Ricardo Rodrigues pretende gerenciar a gestão da Educação baseada nos valores conservadores e avessa a experiências,

preservando a família e a moral humanista. Quem mais destruiu a família brasileira que as novelas da Rede Globo, que impuseram uma moral libertina, imoral, nos lares brasileiros. Isto sim é estimular a libertinagem, impedindo que as famílias seguissem as regras dos bons costumes. Objetivando atingir picos do Ibope, a emissora transgrediu todas as normas morais, fazendo apologias ao homossexualismo, e a todas as formas de relacionamentos imorais. Isto não é fruto da educação escolar. Ninguém que conheço é comunista ou se julga assim; é mais um ataque de pessoas desqualificadas que nunca estudaram profundamente, que não foram incapazes de realizar uma tese e adquirir os mais altos graus acadêmicos e de entendimento da sociedade; geralmente, fracassados na vida profissional. Tudo que contraria o pensamento do limitado, do ignorante é chamado de comunismo.

A Educação deve focar o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para exercer a cidadania e prepará-la ao mercado de trabalho dentro dos princípios de igualdade, liberdade e pluralismo das ideias, valorizando a gestão democrática e de qualidade. E se a escolha de um ministro é sujeita ‘as ideologias, religiosa e política, a isenção no processo educativo alterará ou só mudará de viés? Entende-se que se precisa mudar a Educação e parar com a aprovação automática, explicação parcial do porquê dos alunos vão tão mal no PISA; e como adaptar os alunos `a Revolução da Indústria 4.0; como preparar os professores para ensinarem voltados ‘as necessidades do século XXI? Ou se quer um controle policialesco dos professores?