Finalmente, 2022! Ano da mudança, e os brasileiros sonham conviver em paz e harmonia, sem diferenças e preconceitos, com fartura, oportunidade de empregos, e sistemas de saúde, segurança e educação funcionando. Entretanto, constatam-se, lamentavelmente, 620 mil mortes causadas pelo Covid-19, e ainda sob fortes ameaças dos males da Ômicron e da Influenza, cuja contaminação explodiu no Brasil e no mundo.
Constatam-se fome, desemprego, inflação e juro alto. As prioridades deveriam ser o combate à pobreza, ao desemprego e ao desmatamento; à retomada do crescimento econômico, à recuperação da qualidade de vida, principalmente em investimentos na educação e na saúde. O PIB terá um crescimento ainda menor, puro reflexo do juro alto, risco fiscal, dívida pública elevada, inflação e desvalorização do real. O parque industrial brasileiro está nas últimas.
Na virada do ano, a Bahia sofreu com terríveis enchentes, e ainda por cima com atitudes mesquinhas de Bolsonaro e Queiroga referente à negação da vacinação em crianças. O povo está cada vez mais padecendo de fome e vivendo com o fantasma do desemprego. Há ameaça de greve da Receita Federal e demais funcionários públicos (há seis anos sem reajuste salarial), a constatação de que a produção industrial brasileira encolheu pelo sexto mês seguido, com produção 20% menor em 10 anos, e fechamento de 800 mil vagas que enfraqueceu a economia.
O cidadão que foi eleito para comandar o país tirou férias e, numa lancha, dançou ao som do MC Reaça, desfilou de jet ski e andou de carro de corrida em parque temático catarinense. No primeiro dia de retorno ao trabalho, internou-se para tratar de uma obstrução intestinal. Na sua foto na cama do hospital, nem parecia o mesmo fanfarrão do réveillon. Bolsonaro, desesperado, ligou ao oncologista Antônio Luiz de Vasconcellos Macedo, que curtia férias em Bahamas e, com voo fretado pelo Governo Federal, compareceu ao hospital onde o presidente estava internado: constatou-se que ele engoliu camarões praticamente inteiros que acabou obstruindo seu intestino.
O problema foi descrito pelo próprio Bolsonaro: Foi domingo, não almoço, engulo: mastiguei o peixe e engoli o camarão – tentando explicar sua última internação, e querendo sensibilizar os bolsomínios para tentar sobreviver politicamente. Nenhum presidente do Brasil se expor com tanto desmazelo, insegurança e imaturidade.
Em plena pandemia, Bolsonaro desprezou a ciência, recomendou remédios sem eficácia comprovada e pediu que todos se expusessem para se contagiar em busca da imunidade de rebanho. Negou ser coveiro e ultimamente atacou os técnicos da ANVISA: ele despreza a saúde e a vida alheia. O Brasil está ficando cada vez mais longe das sociedades desenvolvidas, mais pobre e mais ridicularizado. Em três anos deste governo, houve uma normalização de grupos extremistas, mais legitimados a manifestar seu discurso de ódio e praticar crimes de intolerância. Autoritarismo, nacionalismo e hierarquia tornaram-se mais difundidos. Sob Bolsonaro, a extrema direita se radicalizou.
Bolsonaro entregou o orçamento federal ao Centrão e não tem mais nenhuma condição em dirigir o Brasil. Infelizmente, neste ano, o foco são as eleições, porque ao resto não há a mínima perspectiva de melhora: sair da crise, baixar inflação, reduzir juro e desemprego, e investir em educação, saúde e segurança do país. Não há esperança, infelizmente. O Brasil não merece alguém tão incompetente, mas sim respeito e condições dignas de sobrevivência. Enfim, para-se tudo por culpa do camarão – e os brasileiros tomando sopa de carcaça, pois o preço da carne está nas alturas.