500 mil mortos +

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Quando o Brasil atingiu a marca de 100 mil mortos pela Covid-19, Bolsonaro afirmou que o isolamento não funcionava, acusou a imprensa de causar pânico e disse que essas pessoas estariam vivas se tivessem sido tratadas precocemente com cloroquina. Nas 200 mil, alegou que as vacinas contra o coronavírus não apresentavam segurança; e a metade da população recusaria a vacina.
Agora, aos 500 mil, Bolsonaro afirmou que o uso de máscaras reduz a oxigenação do sangue; sugeriu que as vacinas são ineficazes; e afirmou que a contaminação é a forma mais eficaz de se imunizar. Isso é próprio de um governo baseado em mentira, sabotagem e contaminação proposital. Estimulou os brasileiros a se deixarem contaminar pelo coronavírus: “Todos os que contraíram o vírus estão vacinados, até de forma mais eficaz que a própria vacina, porque você pegou o vírus para valer!”.
As massas dependentes no bolsonarismo são descendentes diretos de atos do Coliseu romano, em que gladiadores e feras se retalhavam reciprocamente. A atual política vai se reduzindo à celebração gozosa dos linchamentos físicos e morais. Ser cidadão de bem é esquartejar o outro, por prazer. A aversão de Bolsonaro ao globalismo, ódio aos chineses, tudo sob a influência de Donald Trump, foi muito prejudicial ao Brasil: tem dificuldade de entender problemas complexos do mundo real e o culpado são aqueles que o apoiam.
O vazio de políticas públicas de desconstrução em educação, saúde, meio ambiente, cultura, emprego, moradia, geração de renda, apoio à ciência e inovação revela uma sociedade confusa, adoecida e abandonada. Este governo é incapaz de promover criação de empregos e de ajudar pobres, contribuindo ao aumento da inflação, assustando investidores, motivando enorme valorização do dólar e causando instabilidade cambial.
Daí, os brasileiros colocam-se entre a direita e a esquerda. Esta última teria maior sensibilidade para diminuir desigualdades. A esquerda está disposta a pagar o preço de menor crescimento se o efeito colateral de medidas reduzir a desigualdade. O baixo investimento em educação explica o subdesenvolvimento.
Por outro lado, o Ministro da Economia Paulo Guedes disse que sobras e excessos de almoços da classe média e dos restaurantes podem ser utilizados para alimentar mendigos e desamparados. Ele é incapaz de formular uma política pública de combate à fome e à insegurança alimentar de 40 milhões de brasileiros nessa condição: limita-se a oferecer-lhes migalhas.
O índice da miséria de maio de 2021, indicador econômico calculado pela soma da taxa de inflação à do desemprego, atingiu o maior nível desde 2012. Para lembrar: a inflação dos últimos 12 meses é de 8,1%; o desemprego no período, 15,3%. A taxa Selic passou este mês para 4,5%; com previsão ao final do ano de 6,5%. A persistência da pressão inflacionária revela-se maior que o esperado. Não há perspectivas para este governo, senão aplaudir quem sai às ruas pedindo de volta a democracia!